sábado, 5 de maio de 2012

Independência do agronegócio, ou morte!



Camila Pitanga, linda, oportuna e consciente, quebrou o protocolo e cumpriu o seu papel de cidadã ativa, por ela e por todos nós alienados, passivos e submissos assalariados complacentes.

A classe abastada brasileira é medíocre. No Brasil os ricos não conseguem e nem se arriscam a tentar ser qualquer coisa distinta de meros gigolôs e predadores usurários da terra, do gado, do meio ambiente, dos recursos naturais e dos assalariados. São e continuam sendo essa coisa nefasta que sempre foram desde a invasão portuguesa em 1500.

Por irresponsabilidade exclusiva dessa elite infame, temos até hoje a mesma economia e a mesma política econômica que tínhamos no Brasil colonial. Continuamos sendo um país exportador de produtos agrícolas primários e de matérias primas e importadores de produtos industrializados. Essa é a política econômica de quem é pobre, como uma vistosa e folclórica baiana do acarajé: vende barato o seu produto primário e compra caríssimos produtos industrializados. País rico faz o contrário.

E permanecemos sempre nessa pobreza e atraso, incompatíveis com o valor e volume de nossas riquezas naturais, devido à manutenção de sistemas eleitoral e jurídico anacrônicos, através do qual os ricos controlam a justiça e o congresso nacional. Eleitos pela maioria pobre, os congressistas ricos, filhotes ou descendentes de filhotes da ditadura, e os novos políticos, que seguem a mesma cultura de ficar ricos rapidamente, defendem apenas os interesses do seu bolso e da minoria abastada, dona do dinheiro sujo que compra voto e paga propina.

No campo, o agronegócio concentra riqueza e causa devastação, para exportar produtos primários. De acordo com o Instituto Nacional Contra o Câncer, somente este ano haverá mais de 1 milhão de novos casos de Câncer na população brasileira e 400 mil óbitos, decorrentes do uso de agrotóxicos pelo agronegócio.  

Hoje o agronegócio gera divisas para o bolso dos ruralistas. E qual será a alternativa ao agronegócio dos ricos para a geração de divisas para o país?

O modelo de reforma agrária que temos e defendemos, e que os ricos fingem que combatem, foi inventado na Rússia no final do século 19 por Piotr Stolypin, Primeiro Ministro e conselheiro do Czar Nicolau II.

Cansados de serem explorados, assim como se deu em Canudos na mesma época, os trabalhadores rurais abandonaram as fazendas da aristocracia russa e fundaram Comunas Agrícolas multi familiares, baseadas no trabalho solidário e na propriedade coletiva da terra e dos meios de produção.

Enquanto os fazendeiros amarguravam a decadência, as Comunas Agrícolas prosperavam, concentravam riqueza e financiavam a construção de fábricas, viabilizando a revolução industrial na Rússia.

Diante da iminente falência da aristocracia rural e do Império Czarista, Piotr Stolypin propôs que o Czar e toda a nobreza doassem metade das suas melhores terras para o seu plano de reforma agrária, que consistia em dividir as mais férteis terras russas em glebas unifamiliares, para atrair a mão de obra das Comunas Agrícolas, porque Stolypin sabia que os genes da usura, da ambição e do apego ao meu é mais forte e mais presente no sangue humano do que o gene do desapego, da igualdade e da libertação naquilo que é de todos, no repartir tudo que é nosso.

Diante da inicial objeção da nobreza, Stolypin vaticinou que se a metade de suas terras não fosse entregue imediatamente, não restaria à nobreza terra alguma em curto prazo. E assim foi feita a nossa reforma agrária na Rússia czarista, provocando a decadência das Comunas Agrícolas com a evasão de mão de obra para as fazendas de terras férteis, doadas pelo império. Com o tempo, alguns novos proprietários rurais, os mais eficientes e produtivos, foram adquirindo as terras de seus vizinhos, que migraram para se embriagar nas cidades e aumentar a legião de desempregados que avilta ainda mais o salário dos operários.

Da forma como foi aprovado pelos políticos comprados por ruralistas, o novo Código Florestal é uma aberração e um atentado ao futuro do Brasil. É a aceitação da condenação definitiva do país ao atraso permanente, à desigualdade e à pobreza, inerentes aos povos colonizados.

Ao neoliberalismo populista de Lula e Dilma só restam dois caminhos: redirecionar o projeto de reforma agrária para a criação de Comunidades Agrícolas multi familiares, baseadas no trabalho solidário e na propriedade coletiva da terra e dos meios de produção, para banir o agrotóxico de nosso país e produzir alimentos orgânicos e produtos agrícolas manufaturados artesanalmente, como, por exemplo, os derivados do gergelim e do algodão naturalmente colorido, desenvolvido pelo professor Napoleão Beltrão na Embrapa de Campina Grande, para abastecer o mercado interno e para exportação, bens essenciais com grande valor agregado e demanda reprimida no mundo inteiro, por escassez de produção, ou então lançar o país de uma vez no abismo da decadência e da miséria, fruto da incompetência e da usura da elite brasileira.

Veta, Dilma. Veta!




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