sábado, 1 de dezembro de 2012

A lavagem suprema.



Prólogo:

Plutocracia é o governo do grupo mais rico, para o grupo mais rico e pelo grupo mais rico. Na prática, plutocracia é governar para o grande capital, para a moeda e para o mercado, de modo a proteger o patrimônio dos mais ricos, garantir-lhes a acumulação de riqueza e assegurar o lucro insustentável, na base do custe o que custar, isto é, na base da completa desvalorização do trabalho e da degradação do meio ambiente.

Até a mal chamada Revolução Industrial, a plutocracia lidava com uma economia global muito simples, que se resumia a atividades mercantis, envolvendo produtos agrícolas, produtos artesanalmente manufaturados e minérios.

Com o advento da Revolução Mecânica, decorrente da invenção e do uso em larga escala da propulsão à vapor, as atividades mercantis, os bens comercializados e as relações de produção tornaram-se mais complexas.

Pedindo desculpas aos mais devotamente fanáticos, usaremos uma santa imagem bíblica para ilustrar esse diabólico processo de transformação do mundo, após a idade média.

A sacrossanta Revolução Mecânica, concebida sem pecado original pela casta e virgem propulsão à vapor, deu à luz a redentora industrialização, fato ou feto que induziu a plutocracia – uma espécie de prima muito mais velha de tudo – a gestar, parir e criar o liberalismo econômico, o chamado capitalismo, para batizar o mundo com o espírito de uma nova era.

A lavanderia STF:

Agora acompanhemos com atenção o que está acontecendo por aqui e por ali, nesses últimos tempos.

Espoliado pelo sistema neoliberal, tanto o velho elitista, quanto o novo populista, o Brasil vive acorrentado ao atraso, por meio de uma política econômica de país pobre, pré-industrial, cem por cento colonial, para que os mais ricos gigolôs da superfície e do subsolo da magnífica terra brasileira lucrem mais e acumulem sempre mais, com a exportação de minérios e de produtos agropecuários, enquanto a população, alienada e mal instruída por imposição do sistema, continue vivendo na barriga da miséria, com todo orgulho de ser brasileira, comendo o pão que o diabo amassou e assistindo  muito circo mambembe.  

Durante o chamado tempo da guerra fria, o individualismo competitivo, a ambição, o egoísmo, a ganância e a usura do sistema capitalista tinham um freio limitador de sua crueldade, representado pela ditadura comunista da União Soviética. Com o esfacelamento dessa união, os países do extinto bloco soviético foram todos cooptados pelo capitalismo, mediante a falsa promessa neoliberal de democracia com bem estar social.

Sem mais qualquer resistência aos seus desígnios, a usura dos mais ricos levou os novos e velhos países capitalistas a um colapso global.

É amplamente visto que onde há essa explosiva combinação de iniciativa privada com a democracia deformada pela plutocracia, haverá sempre corrupção e impunidade seletiva, como meio de assegurar a burocratas mal remunerados e aos pobres alçados ao poder pelo voto popular um caminho livre para se tornarem ricos rapidamente, desviando dinheiro público. Foi assim que os filhotes civis e militares da ditadura ficaram bilionários. E também foi por esse caminho que alguns dos que militaram pela volta do estado democrático de direito e pela restauração das eleições diretas já ficaram bilionários, depois que chegaram ao poder pelo voto popular e foram cooptados pelo sistema, a exemplo de Fernando Henrique Cardoso, José Serra, José Dirceu, José Genoíno, Lula e família.

Só que agora existe uma enorme diferença entre esses políticos cooptados e os réus do julgamento do mensalão, no que diz respeito ao uso de sua fortuna imunda e à exposição de seus sinais exteriores de riqueza: Fernando Henrique, José Serra, Lula e família precisam ser discretos e gozar a sua fortuna na clandestinidade. Já José Dirceu, Genoíno e a turma de mensaleiros, julgados e condenados pelo Supremo Tribunal Federal da plutocracia, obtiveram um salvo conduto legal para viver a sua dolce vita ao bel prazer, desfrutando como quiserem de sua riqueza lavada. Roubaram bilhões, mas foram punidos com brandas penas privativas de liberdade noturna e ridículas penas pecuniárias de valor irrisório, que os obrigam a devolver apenas alguns tostões dos bilhões que comprovadamente furtaram do povo.

Durante o julgamento dos réus do mensalão, a farsa dos ministros do Superior Tribunal Federal foi objeto de ampla cobertura pela grande imprensa patronal. Assim, pudemos acompanhar algumas discussões pedantes e doutorais, onde ficou evidente a falta de consenso quanto ao que seja lavagem de dinheiro.

Pois bem, lavagem de dinheiro é isso que os supremos magistrados fizeram impunemente de permitir a José Dirceu, Genoíno e a turma do mensalão de usar e desfrutar, sem medo e sem culpa, de sua fortuna, que nasceu imunda e ficará bem lavada e muito limpa, depois que os famosos réus passarem na cadeia o tempo necessário para escreverem com capricho as suas memórias, que resultarão em grandes sucessos de público e de venda.

Essa é, portanto, a suprema lavagem de dinheiro, com a qual nem mesmo o colega Nicolau dos Santos Neto, o famoso juiz Lalau, teve a ventura de ser contemplado.





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