domingo, 30 de dezembro de 2012

Mundo animal


Esculturas de Eliana Kertész



Macacos não possuem a linguagem articulada, nem o polegar oponível aos outros dedos da mão, mas são muito mais instruídos, educados e civilizados do que os seus parentes humanoides urbanos, os chamados pré-macacos.

Macacos não sujam de urina e cocô o caminho por onde andam, não jogam lixo na rua, não ateiam fogo na mata, nem vandalizam corpos minerais, vegetais, animais e culturais. Com o seu meio ambiente, macacos vivem em harmonia e paz.

Em um dos caminhos da Casa da Aranha, precisamente o que vai do alto do Outeiro da Gameleira, na ilha de Itaparica, até as imundas areias da praia, não circulam os macacos. Todo desastre e imundície ambiental é obra dos pré-macacos.

Às vezes, nesse caminho, vêm-se formigas inadvertidas levando para o seu ninho fezes de pré-macacos, fartamente encontradas por ali. No dia seguinte, as formigas bombeiras passam o dia ocupadas em retirar todo esse veneno orgânico do formigueiro, para livrar o seu mundo de uma hecatombe colossal, causada pelos gases letais desse asqueroso produto animal.

Mas, acima de tudo, macacos em liberdade estão livres do desastre da primeira grande guerra realmente mundial, que já dura mais de 100 anos.

É uma guerra sem trégua do sistema capitalista contra toda a humanidade, que extermina centenas e centenas de milhões de pessoas e de pré-macacos, deixando mutilada e deformada praticamente toda a população sobrevivente do planeta.

Há mais de 100 anos, a indústria química, a indústria farmacêutica e a indústria de alimentos e bebidas apontam dois tubos bélicos na direção da humanidade. Por um desses tubos elas sugam o sangue, o suor e a vitalidade das pessoas, deixados no dinheiro, que elas transformam em lucro crescente.

Pelo outro tubo, essas indústrias injetam hormônios e outras drogas tóxicas sintéticas, líquidos e alimentos nocivos, envenenam os mananciais, inflam a humanidade como se enche uma bola de soprar, fazendo desaparecer as cinturas, dilatando as barrigas, os peitos, as bundas, modelando gente no formato das bonecas de Eliana Kertész, levando ao colapso o sistema imunológico dos seres humanos e dos outros animais domésticos. E todo esse lixo tóxico não eliminado pelo organismo fica encasulado nas células do corpo, provocando a sua degeneração.

O resultado é o aumento desesperador de mortes prematuras provocadas pelo câncer, por outras doenças degenerativas e por doenças auto-imunes. Enquanto não morrem, as pessoas mutiladas, atingidas por essa guerra, arrastam-se obesas e deformadas pelos caminhos dos campos e das cidades.

Sócios dessa guerra, seja com a ingestão gulosa de propinas, ou com as verbas de veiculação de publicidade, volume publicitário que corresponde a mais de 75% de toda propaganda veiculada no mundo inteiro, os políticos capitalistas governantes e a livre imprensa capitalista são livres também para ocultar, omitir e destorcer as informações passadas para as pessoas.

Vemos, por exemplo, na grande imprensa patronal, vários e vários artigos tratando da epidemia de obesidade como se ela fosse uma questão meramente genética. Caso isso fosse verdade, os seres humanos descenderiam de apenas dois grandes troncos genéticos globais: os vegetarianos comedores de maçãs, descendentes da escultural Eva e do apolíneo Adão e os carnívoros rechonchudos, filhos de Mamãe e de Papai Noel, casal que curte alucinadamente Coca Cola Zero casadinha com um apetitoso Big Mac com batatas fritas.

Governos não alertam a população das causas desse perigo e a imprensa patronal nada publica, ainda que seja para contestar a gravíssima denúncia feita por Randall Fitzgerald em seu livro 100 anos de mentira, banido das livrarias.

O mais terrível é que até os 90 anos de idade todas as pessoas usuárias de drogas farmacológicas, de bebidas e de alimentos industrializados e expostas à devastação tóxica do agro negócio terão algum tipo de câncer e morrerão dessa doença. Dr. Osvaldo e Roberto sabem disso.

Agora, todos vós entre os mais crédulos estarão tentados a nos dizer: “Ouvis estrelas alarmistas conspiratórias anticapitalistas”. E nós com a nossa autoridade de vegetarianos saudáveis, na medida certa e dentro do peso, não usuários de drogas, distantes e protegidos contra os males provocados por essa grande guerra mundial capitalista, vos diremos, “vivei e vigiai para entendê-las, pois nem só quem tem olhos e ouvidos bem atentos e sarados é capaz de ver, ouvir e de entender estrelas”.


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