sexta-feira, 21 de junho de 2013

O vandalismo da repressão.

Qzb




O governo, os políticos, a imprensa patronal e os abastados não estão compreendendo as recentes manifestações populares, pelo país a fora, muito menos a extensa pauta de reivindicações, que acordaram o povo brasileiro de mais de 500 anos de profunda letargia.

É óbvio que eles não podem entender, pois os governantes estão com os bolsos cheios de propina paga por empresários; os políticos estão com os bolsos entupidos de dinheiro desviado dos cofres públicos, robustamente abastecidos com o dinheiro dos tributos, que penalizam e sangram apenas os pensionistas, os assalariados, os estudantes, os biscateiros e os desempregados. E os abastados não têm mais o que encher, de tanto dinheiro arrancado do mísero salário do proletariado.

A maior e a pior de todas as violências é a fome, qualquer fome, principalmente a fome institucionalizada, como é a fome do povo brasileiro. A fome é o vandalismo da usura, que agrava e aumenta a desigualdade social.

Toda vez, e são muitas as vezes, que a covarde repressão do Estado agride o povo desarmado, clamando por seus direitos e por melhores condições de vida, o Estado não está a defender o patrimônio, seja ele público ou privado, mas sim assegurando a impunidade dos corruptos e o vandalismo da usura. Violência gera violência e a violência do Estado contra a população provoca e atiça a reação violenta, humana e justa, dos explorados.

A sábia Lina Bo Bardi, durante os anos de chumbo e sangue, que foram os malfadados anos da ditadura militar, disse que o que falta ao Brasil é a violência popular de base, que prenuncia as grandes mudanças em um país.  

Não houve por parte do povo norte americano reação violenta alguma, às violências sofridas antes, durante e após as recentes manifestações em Wall Street e nada mudou. Tudo continua piorando para esse povo, no panorama da exploração e da desigualdade social dessa enorme e decadente locomotiva neo liberal.

Por aqui a imprensa patronal brada e estigmatiza uma minoria de “vândalos”, identificados entre os manifestantes. Receber tiros de balas de borracha, pimenta nos olhos e gás tóxico nos pulmões é muito fácil de suportar estoicamente, quando não se têm presas no corpo e na alma os grilhões da desigualdade e da injustiça social.


Mas somente no dia em que a reação dos “vândalos” oprimidos for igual ou maior do que à dos vândalos repressores, o Brasil será o país sem corruptos e com serviços públicos à altura da dignidade da pessoa humana, isto é, um país no padrão FIFA, em que o nosso povo sonha viver e jogar o bom futebol de Neymar.

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